domingo, 16 de março de 2014


      "SLINGSHOT  GUN" DE OCTÁVIO DE OLIVEIRA

                   

         



Uma vulgar fisga conhecida como "sling shot"...
Um galho de árvore em forma de forca servia, depois de cortado, como punho onde eram ligados nas duas extremidades mais próximas elásticos provenientes de uma camara de ar já sem préstimo de uma vulgar bicicleta. A junção dos dois elásticos fazia-se num pedaço de cabedal que seria como uma bolsa onde se iria alojar o projectil...normalmente um pequeno seixo...mais tarde usaram-se rolamentos de esferas...uma grande inovação acrescida de perigo!

Se essa fisga for montada numa coronha de espingarda, também feita artesanalmente como iremos ver na continuidade deste blog, teremos então uma "slingshot gun..."






A evolução das fisgas...






 Passaram-se décadas a fisga não desapareceu e começou a ser fabricada industrialmente com elásticos de forma tubular de igual medida, mas bastante curtos em relação ao comprimento variável das tiras iniciais feitas de camara de ar, resultando quando esticados numa menor força de impulso e por conseguinte num reduzido alcance do "tiro" . 


O punho feito de material sintético e de aço com forma ergonómica substituiu o galho rudimentar...a grande inovação surgiu na perfeição da ligação dos elásticos quer ao punho quer á sola E agora algumas até tem um apoio de braço...para melhorarem o seu manuseio 





 Vim entretanto a descobrir no You Tube o conceito de "slingshot gun"ou seja uma fisga colocada num extremo de uma coronha, semelhante ao de uma espingarda, feita artesanalmente e onde é instalado um gatilho que libertará a sola depois desta em conjunto com os elásticos esticados ter ficado "trancada" a uma distancia com aproximadamente o triplo do comprimento destes em posição de repouso...






E não é que existem entusiastas por todo o Mundo, alguns já seniores que aderiram ao hobby de as construírem?  Mesmo constatando que só com um fuste ou cano falso bastante longo como o da foto anterior é que há a possibilidade da "arma" dar um tiro comparável ao das primitivas fisgas, optei por construir uma muito mais curta. Afinal o prazer seria fazer um brinquedo engraçado que funcionasse e permitisse alguma distracção







  Copiei uma das coronhas que vi na Net e me agradou
  








 



Cortei duas silhuetas idênticas ao desenho que passei para uma prancha em madeira de pinho com 19 milímetros de espessura



 




 Colei-as entre si...



 



 Adicionei á coronha uma "soleira" feita á parte na mesma madeira...



 



 Foi cortado um encaixe para o "falso cano" ou fuste...




 



 Adicionado um punho ao "falso cano" que tem sobreposto uma cantoneira de aço para evitar que empene...











 Colocada uma fisga de compra na extremidade do "cano" e montada uma cavilha de faia a uma distancia do punho da fisga a exceder um pouco os 42 centímetros recomendados pelos "experts" (os elásticos tem 14 centímetros cada um...puxados não devem ultrapassar o triplo do seu comprimento em repouso...) Neste caso a distancia do cabo da fisga á cavilha ficou nos 52 centímetros...é nesse ponto que a bolsa de cabedal na junção dos elásticos irá ser montada depois destes terem sido esticados, para se dar o disparo. Certamente a duração dos elásticos diminuirá!









 Retirando a bolsa de cabedal pode ver-se na cavilha  um sulco longitudinal por onde subirá o berlinde...Atrás da cavilha uma alça rudimentar Um furo vertical atravessando a coronha desce por baixo do berlinde até á parte de baixo da coronha e nesse furo será enfiado um pino cilíndrico justo que ao subir o levantará dando-se então o disparo










 Para que o pino levante a bolsa e o berlinde, na extremidade onde se dará o contacto será montada uma pequena placa com a dimensão um pouco maior desse conjunto










O processo é tão simples que não requer quaisquer explicações adicionais. Notar que os elásticos esticados deverão ficar o mais paralelos possível ao fuste...para que o tiro não suba nem desça logo de imediato...No entanto há quem tenha feito gatilhos de concepção ainda mais simples evitando o furo vertical na coronha



 

 Velatura cor de carvalho claro, e tinta negra deram o acabamento final



 



 Montagem do gatilho...um simples puxador de gaveta a ser actuado pelo atirador. Quanto á SEGURANÇA para que não haja nenhum disparo acidental, um furo perpendicular ao pino do gatilho e que o atravessa onde é colocada uma chaveta metálica para que o mesmo fique trancado.




 





 Retirando a chaveta depois de ter colocado o berlinde e já com os elásticos esticados já é possível disparar, na foto foi retirado o conjunto de elásticos e bolsa para se visualizar como o pino de disparo sobe...ficando á face da plataforma de tiro e assim o berlinde sem nada que o pare vôa...





 



 A slingshot já terminada, notando-se que os elásticos um pouco pré tensos ficam presos num pino (não visível) por baixo do fuste, colocado por uma questão de estética...




 



  O projéctil ideal: um simples berlinde de vidro. O sulco onde desliza até ser libertado tem um meio diâmetro do mesmo...



 




 Exagerei mostrando um berlinde grande! 







 Este género de slingshot gun para fazer tiro ao alvo em casa, mesmo num corredor vazio?! Nem pensar... não é certeira, os berlindes tem tendência ao chocarem em superfícies duras a fazer ricochete tornando-se perigosos e no mínimo danificariam as paredes e o tecto!






 Tiro experimental numa obra num quintal a 20 metros de distancia de uma placa de esferovite com 3 centímetros de espessura...


Como o sistema de fixação dos elásticos quer á bolsa quer ao "punho" não me agradaram resolvi usar esta técnica que me ocorreu e aplicá-la noutra slingshot que acabei por construir...









Um pedaço de fio eléctrico para fixar os elásticos á bolsa...








Dobra-se o fio e mete-se num olhal da bolsa...









Mete-se á pressão na extremidades do elástico...







Repete-se a mesma operação com o outro elástico...









Na outra extremidade coloca-se igualmente á pressão uma bucha de plástico para madeira...











Nessa bucha entrará um parafuso...Fazem-se dois furos nos braços do suporte dos elásticos onde entrarão parafusos para irem apertar nas buchas dos elásticos










Fazem-se dois furos á mesma altura nos braços do suporte dos elásticos onde entrarão parafusos para irem apertar nas buchas dos elásticos







 O acabamento ficou muito melhor!






E assim fiquei com estas duas...

Mais tarde vi outra num Fórum...e fiquei pesaroso, podia a ter feito...

 

 




 Defacto das slingshot´s que visionei e me serviram como exemplo mesmo sem instruções ou planos, acabei por escolher esta muito simples, e com um bom design para construir outra...mas com a particularidade de ser para lançar pequenas flechas...





 



  E assim fugindo um pouco ao conceito da que tinha acabado de construir tentei este modelo, com a particularidade de disparar uma munição pouco usual...em vez de berlindes...

Alem da coronha ser agora diferente, e de mais simples execução, a junção agora dos elásticos numa peça de cabedal já não existe tendo feito uma argola de nylon para cada elástico que enganchará nas hastes de uma porca de orelhas colocada perto da extremidade afiada de um pequeno veio roscado de ferro zincado...







No outro extremo do veio uma porca que encostará a um bloco agora diferente do usado no caso da munição que era  um berlinde. Este diferente bloco tem um sulco onde entra parte da flecha e a porca servirá de bloqueio. Continuando a descrever a flecha faltou acrescentar que antes da porca foram colados dois estabilizadores feitos com fita larga gomada de aluminio. O veio do disparo ao subir levanta a porca dá-se o tiro...








  As pequenas flechas artesanais tem cerca de 1/3 do comprimento dum virotão de bésta dos mais curtos. Um virotão colocado no que seria uma guia na slingshot gun...Mas nem os elásticos teriam força para o disparar nem o dispositivo de tiro está adaptado...nem valerá a pena tentar!




 



  Conclusão: as pequenas flechas sendo muito mais pesadas fazem uma trajectória curvilínea muito maior e mais cedo do que os berlindes, o alcance muito menor mal chega a 10 metros...
A precisão do tiro deixa muito a desejar nos dois modelos de slingshot tornando este género de brinquedo artesanal pouco entusiasmante...Com berlindes nas duas slingshot´s anteriores dei tiros a cerca de 30 metros, mas sem atingir o centro de um alvo. Com esta apontando para o meio de uma placa de esferovite a 10 metros a flecha acertou muito em baixo...frustrante!



















A razão tem a ver com um fuste muito curto obrigando a empregar elásticos de apenas 14 centímetros de comprimento. A falta de um dispositivo de pontaria cria logo a incapacidade de conseguir precisão.
Mas a experiência em si foi viciante em busca de soluções, para quem tem poucas ferramentas e valeu como ocupação de lazer...

Presentemente há slingshots construídas industrialmente com acabamento excelente utilizando vários pares de elásticos, com mira electrónica e coronha retráctil diminuindo obviamente o comprimento quando para transportar, vendidas em kit...









 




 oliveira.octavio@sapo.pt